5.10.05

Autodesk compra Alias

Wow !

Quando a Adobe comprou a Macromedia, eu fiquei moderadamente surpreso. Agora, a Autodesk comprar a Alias, é uma SURPRESA. Ao menos para mim. São tantas possíveis implicações, tantas possibilidades que se abrem, e, ao mesmo tempo, tantas mudanças que devem ocorrer com as linhas de produtos, que as análises e especulações devem dominar os sites especializados nos próximos meses. Para início de conversa, e o que mais interessa aqui: A dona do 3ds Max comprou a dona do Maya. E agora? Há várias possibilidades. Mas para começar, acima de tudo, há uma certeza: Eles não vão manter dois produtos concorrentes no mercado. Existe um pdf no site da Autodesk que merece ser lido com cuidado. Merece ser lido nas entrelinhas. Quem for um pouco mais astuto e ousado nas especulações, pode até concluir que já está tudo dito ali. Resumo, para quem tem preguiça de ler o pdf, ou não sabe inglês: Autodesk compra a Alias. Autodesk reconhece que a Alias tem produtos muito bons na área de pós produção e animação 3D para filmes. Autodesk reconhece que o 3ds Max tem mais vocação para criação de universos para jogos.O que eu vejo acontecendo em 2006, ou mesmo 2007, são as próximas versões de Maya e Max se especializando cada uma em uma área específica, de acordo com a vocação já admitida pela Autodesk. Afinal, pensemos logicamente: se você coloca a mão em um software ganhador de vários Oscars, reconhecido na indústria, e que tem uma fama quase desproporcional à sua capacidade, o que voce faz? Mata? Deixa mofando na prateleira? Há anos o 3ds Max luta para entrar no mercado da pós produção em Hollywood. Aqui e ali colheu alguns sucessos, mas foi mesmo na indústria de jogos que se aproximou de se tornar padrão. Não há porque, tendo o Maya em mãos, insistir no Max como uma ferramenta para vídeo/filme. Seria ilógico, na minha opinião.
Há ainda outros aspectos interessantes. Alguns meses atrás a Alias havia adquirido a Kaydara, fabricante do Motion Builder. O Motion Bluilder é reconhecido como um dos melhores softwares para tratamento de dados de motion capture e animação de personagens. A Autodesk só tinha o Character Studio, que já foi muito bom, mas parou no tempo. Agora, o Max poderá voltar a se beneficiar do desenvolvimento do Motion Builder, algo que estava ameaçado desde que a Alias adquiriu o controle sobre este produto. A Alias tem ainda produtos como o SketchBook Pro, que complementam de forma perfeita alguns sotwares da Autodesk na área de engenharia e design de objetos.
Há ainda outros possíveis desdobramentos, que farão os próximos dois ou três anos muitíssimo interessantes. A Autodesk finalmente vai ter sob seu domínio os dois sistemas mais importantes da pós-produção hollywoodiana: O Inferno e o Maya. Imagine isso. Poder integrar ambos, de tal modo que os projetos feitos no Maya sejam manipulados e renderizados diretamente no Inferno. Ou poder integrar todo o poder dos compositores de imagens da Autodesk ao Maya, numa só suite de softwares, fazendo o compositor do XSI parecer brinquedo de criança. Poder ter equipes trabalhando no mesmo projeto ao mesmo tempo em 3D e na composição final de imagens. Ter um único render queue, com projetos de Flint, Inferno, Combustion e Maya. Fazer 2D e 3D ao mesmo tempo no Toxik! É claro que a Autodesk já tinha o Max, mas, como afirmei antes, este nunca foi padrão na indústria cinematográfica. Além disso, o Max só roda em Windows, enquanto, exceto pelo Combustion, todos os outros citados rodam em Irix ou Linux. E o Maya roda em Linux. Ou seja: os mundos do 3D e do 2D têm um encontro marcado na plataforma Linux para 2006.
Nos próximos dias, tentarei fazer uma análise mais aprofundada dos possíveis desdobramentos deste acontecimento. Assim que eu assimilar melhor a notícia... e for recolhendo mais informações por aí.