6.6.06

SmarTV

O grupo Sonae lançou publicamente seu serviço de IP TV, o SmarTV. À primeira vista, e levando-se em conta somente o componente de marketing, parece apenas mais um serviço de televisão por assinatura. Na verdade, trata-se do possível início de uma pequena revolução. O early adopter que se propuser a assinar este serviço recem lançado poderá não se dar conta da profundidade das mudanças das quais estará participando.
Para começar, trata-se de IPTV. Ou seja, é TV transmitida pela Internet. Não há antenas, ou cabos de TV, como os tradicionais da TVcabo. A transmissão é feita pelos mesmos fios de cobre do telefone. Finalmente transformaram a velha estradinha de terra numa superestrada da informação. O velho suporte físico com quase duas centenas de anos ganha nova vida ao ser capaz de carregar, simultaneamente, voz, dados, e TV. Na verdade, na verdade, voz e dados. Porque a IPTV é exactamente isso, dados. E aí está outra grande inovação do sistema. As TVs por assinatura tradicionais já transmitiam os seus dados digitalmente, é bem verdade. Mas no IPTV, até os dados chegarem no conversor instalado na casa do cliente, trata-se na realidade de um streaming de dados via Internet, da mesma forma que acontece quando você ouve uma rádio via internet ou assiste a um vídeo em um site.
Em termos de mercado, isso possibilitou à Sonae lançar um serviço de televisão por assinatura sem ter que instalar uma nova rede de cabos pelo país. Por si só, isto já teria características de pequena revolução.
Neste ponto é importante fazer uma separação, ainda que puramente didática, entre suporte físico, método de transmissão e conteúdo.
O conteúdo pouco muda, até o momento, em relação ao que estamos acostumados nos serviços tradicionais. Há uma estrutura de canais, com uma estrutura de transmissão em grade de programação, com horários definidos. Televisão, no sentido tradicional, portanto.
Mas é um bom início para um grande processo de convergência digital. Afinal, se hoje temos estas estruturas separadas (televisão, telefone, internet), trata-se muito mais de uma questão de tradição e hábito do que de possibilidade tecnológica. E de obsolescência da tecnologia da televisão. O aparelho de televisão é baseado em tecnologia com 50 anos de existência. Na verdade, já na década de 20 do século passado os princípios teóricos existiam.

O que é mais importante salientar nesta iniciativa do grupo Sonae é que a convergência digital já está acontecendo onde ela pode acontecer (na transmissão), portanto sem impactos negativos no público e sem que lhe sejam solicitadas mudanças de hábitos (o que fez tecnologias promissoras naufragarem no passado).